Mas daquele natal genuíno, onde não entra a euforia pelas compras ou a obrigatoriedade deste e daquele presente só porque tem de ser.
Não.
Eu gosto daquele Natal que cheira à aguardente da massa dos coscorões e a canela, onde as conversas se vão desfiando à medida que se estica mais uma azevia e se põe a fritar. Aquele que não esquece os beijos repenicados da avó e da tia que nos amam incondicionalmente, mesmo que nós não façamos tantos telefonemas ou visitas como elas gostariam.
O meu Natal tem tradição, tem fé e tem valores. Tem conversas boas que aquecem o coração. Tem muitas gargalhadas e afectos que se soltam em cada abraço apertado e sentido, que nos conforta mais do que qualquer lareira a crepitar numa noite incomodamente fria.
O meu Natal também tem saudade. O meu Natal também dói, ao pensar na família que já partiu e que nos faz tanta falta. Dos amigos que se afastaram mas que continuamos a amar sem eles saberem.
O meu Natal tem infinitas mensagens trocadas com amigos onde reforçamos a importância que temos na vida uns dos outros. Mas fica sempre tanto por dizer.
O meu Natal transpira Alentejo. O meu Alentejo. O Alentejo de toda uma geração, contado pela voz da minha avó com direito ao sotaque mais lindo do Mundo.
O meu Natal tem uma luz única, emanada por cada um que me rodeia e que o torna tão especial.
Perdidos no deserto