Estou com o espírito do cão (para quem não sabe o que é eu explico, é um estado de espírito tão mau, tão mau, tão mau, que o Bin Laden ao pé de mim parece um menino do coro).
Então não é que os cabrões, os paneleiros do caralho do banco europeu voltaram a subir a merda dos juros e a minha prestação da casa aumentou assim, de um mês para o outro, 57 Euros. Assim, de uma vez.
Em cinco anos a minha renda aumentou perto de 200 euros, pá. Isto faz-se?
E sim, já renegociei o spread, já alarguei o prazo de pagamento para 50 anos (devo acabar de pagar a casa já a caminho do crematório, mas tudo bem) e mesmo assim qualquer dia ando a pão e água se quiser continuar a ter um tecto.
E de repente, fez-se toda uma luz na minha mente. Aquela música irritante de uma determinada instituição bancária começou a fazer todo o sentido.
"Tenho que virar a minha vida de pernas para o ar e procurar uma casa para eu morar". Ai e tal e coiso que giro. O gajo unisobrancelha até dá uns toques na viola. Pensamos nós, quais bambis inocentes a caminho do matadouro a pensar que vamos brincar para a Eurodisney com tudo pago.
Porque o que realmente essa corja da banca está a querer dizer é que a partir de agora acabou-se a boa vida, meus jovenzinhos gastadores e inconscientes, as sessões de cinema semanais e os jantares com amigos, as roupinhas e todas as paneleirices que a malta gosta de fazer já eram. Mas venham, venham empenhar-se até ao tutano. Nós emprestamos.
Senão o que é que eles querem dizer com "pernas para o ar? Hum? Alguém me diz?
Venham-me cá falar em oportunidades para os jovens e o camandro mais velho que eu até vos arranco os pintelhos um a um.
Perdidos no deserto