Ultimamente a vida tem-me passado ao lado. Ou melhor, todas aquelas coisas boas e simples. Sim, porque para mim a vida é saboreada com o travo das coisas simples.
Ultimamente, eu simplesmente deixei de viver. E foi bizarro.
Aquilo a que antes conhecia por vida, passou a ser uma coisa mecanizada, impessoal, fria. Toldada por compromissos, reuniões, responsabilidades e prazos. A vida resumia-se tão somente a isto.
E isto não é a minha vida.
A minha vida tem pessoas, tem sentimentos bons, tem música, tem cheiros, tem abraços, tem telefonemas com vozes amigas, tem sms por tudo e por nada, tem o pulsar do coração.
Só quando passamos a viver uma vida que não é nossa, damos valor às coisas do quotidiano, que muitas vezes, ingratamente, ignoramos.
Parece parvo este texto. Mas a verdade é que tive saudades da minha vida nas últimas semanas.
Nestes dias tenho pensado que é a vida que me tem vivido. Mas se assim é, quem é que vive a vida?
Tenho-me sentido uma marioneta, daquelas com muitos fios que se vão mexendo a bel-prazer de quem as manipula.
E esta não sou eu.
Eu sou aquela que vive a vida.
Perdidos no deserto